Turismo e Saúde
A realização de cirurgias capilares através de técnicos e não através de médicos cirurgiões e equipas médicas qualificadas é actualmente uma realidade comum. Esta realidade atrai pacientes que, por desespero, pela baixa autoestima e rapidez na procura de uma solução fácil e pouco dispendiosa a nível financeiro, acabam por cair no isco lançado por certos países e clínicas onde oferecem soluções turísticas de tratamento com tudo incluído a preços muito baixos.
Muitas vezes, os pacientes não reflectem sobre as questões mais relevantes: quem é o cirurgião que me vai operar? Tenho referências do médico? É na verdade médico? Deverei confiar a minha saúde numa clínica e país que não conheço?
Isto é particularmente verdadeiro para a cirurgia estética, que está entre os principais procedimentos para o turismo médico. Como na maioria dos países os procedimentos estéticos, como os transplantes capilares, não são cobertos por um seguro de saúde, a atração de cirurgias com valores mais reduzidos num país estrangeiro pode parecer a cereja no topo do bolo que alguns pacientes procuram.
Por uma diferença pouco significativa de valores, há quem ainda opte por se deslocar a países onde o mercado negro é uma realidade e corra o risco de confiar a sua saúde em mãos de técnicos que na maior parte dos casos não são especializados, e em clínicas cujo investimento em empresas de Marketing e Publicidade é bastante elevado.
‘’Quando os pacientes se submetem à cirurgia de restauração capilar realizada por pessoal não médico, correm o risco de receber falhas no diagnóstico de problemas de cabelo e de doenças sistémicas relacionadas – o que pode resultar na realização de cirurgias desnecessárias, mal aconselhadas ou mal-sucedidas. A Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar (ISHRS), o maior grupo de médicos que defende pacientes com queda de cabelo, acredita firmemente que esses riscos potenciais prejudicam a segurança do paciente e os resultados do tratamento tanto que tem promovido a educação dos consumidores e das entidades reguladoras sobre esse problema.’’ (ISHRS)
‘’Por exemplo, a Turquia tornou-se um centro de turismo médico para transplantes de cabelo – principalmente devido à promessa de cirurgias mais baratas. No entanto, surgiram recentemente relatos de clínicas de transplante capilar no mercado negro na Turquia, onde técnicos – e não médicos – realizam transplantes capilares em hospitais ou clínicas privadas, e as empresas de marketing são remuneradas por consultá-los.’’ (ISHRS)
Apesar de parecer inacreditável, este tipo de práticas também acontecem em Portugal, onde o transplante capilar ainda não é considerado um ato médico, mas sim estético.
Tomar uma decisão com base em fatores que excluem a clínica e o médico cirurgião, pode sair caro, a longo prazo ao paciente. Reflita sobre o que é mais importante para si, antes de tomar uma decisão: deverei confiar num médico cirurgião de referência no meu país de origem, ou deverei confiar num país cuja realidade desconheço?
Pense que a sua saúde está em causa e uma decisão não baseada em factores importantes, pode levá-lo a correr sérios riscos.
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